domingo, 30 de outubro de 2011
O problema da USP
Saiu no noticiário dessa semana o conflito
entre polícia e os estudantes da USP. Eu não acompanhei o episódio, pois estava
estudando a possibilidade de abandonar o Outlook que venho usando desde 1990 e
abraçar o iCloud da Apple, mas não consegui nenhum progresso. Hoje, voltei a ler
o Estadão, e eu fiquei impressionado com o Editorial da família Mesquita. Nem
todo Editorial eu consigo entender, mas essa da USP eu gostei à beça. Eles
voltaram no tempo e viram que a polícia foi chamada no câmpus para defender os
estudantes dos bandidos que tomavam conta do pedaço, mas depois que a polícia
desceu o cacete encima de um monte de maconheiros, agora os estudantes querem a
polícia fora do campus. Eu reconheço que a qualidade dos meus textos são bem
ruinzinhos, e por isso termino o meu expediente hoje com uma cópia do editorial
de O Estado de hoje, um belo texto, um motivo para se orgulhar por ser
brasileiro: nós temos um jornal de verdade.
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A baderna a serviço do crime
A Cidade Universitária voltou a ser palco de confrontos entre estudantes e a
Polícia Militar (PM). Os incidentes ocorreram na noite de quinta-feira e
começaram depois que os policiais militares detiveram três alunos que fumavam
maconha no estacionamento do prédio de História e de Geografia. Quando os
levavam para o 91.º DP, a fim de registrar a ocorrência, os policiais militares
foram atacados por cerca de 200 estudantes.
Além de terem apedrejado seis viaturas policiais e ferido três soldados, os
estudantes invadiram o prédio administrativo da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH), onde praticaram atos de vandalismo, e anunciaram que
só sairão do local após a revogação do convênio que permite à PM garantir a
segurança na Cidade Universitária. O convênio foi assinado após o primeiro caso
de latrocínio no local, ocorrido em maio deste ano. A vítima foi um estudante de
economia, assassinado ao reagir a uma tentativa de roubo. Entre janeiro e abril,
os roubos na Cidade Universitária aumentaram 13 vezes e os atos de violência -
tais como estupros e sequestros relâmpago - cresceram 300%.
Até então, a Cidade Universitária - situada ao lado de uma favela - dispunha
apenas de uma Guarda Universitária, que não pode portar armas e que conta com
130 agentes de segurança patrimonial, divididos em dois turnos, para proteger
dezenas de prédios e fiscalizar seus estacionamentos, além das 100 mil pessoas
que circulam diariamente pelo câmpus. Mas, apesar da crescente violência,
minorias radicais constituídas por servidores, alunos e professores resistiam e
continuam resistindo à presença da PM no câmpus. Militantes de micropartidos de
esquerda, eles associam a PM à "repressão", alegam que a presença de policiais
militares fere a autonomia universitária e classificam o câmpus como "território
livre".
Alegando que a Cidade Universitária estava se convertendo em terra de
ninguém, o Comitê Gestor da USP - apoiado pela maioria da comunidade acadêmica -
superou as resistências políticas, elaborou um plano emergencial de segurança
para a Cidade Universitária, definiu um modelo de policiamento aprovado por
entidades de professores, alunos e funcionários e, em junho, fechou um acordo
com a PM para colocá-lo em execução. É esse convênio que os invasores do prédio
administrativo da FFLCH querem revogar.
Para confirmar que se trata de movimento ideológico, eles apresentaram uma
lista de reivindicações absurdas, impossíveis de serem atendidas, do ponto de
vista jurídico. Além de aproveitar o incidente para fazer novas críticas ao
reitor João Grandino Rodas e acusar a PM de agir como "o braço armado dos
exploradores", pedindo sua imediata retirada do câmpus, os invasores querem
autonomia absoluta nos "espaços estudantis". Reivindicam, ainda, a extinção de
todos os processos administrativos e criminais contra estudantes, professores e
funcionários. São centenas de sindicâncias e de ações judiciais instauradas pela
reitoria para apurar desvios de conduta e punir quem depredou o patrimônio da
USP e ameaçou a integridade física de colegas em assembleias, greves e piquetes.
Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) classificou a invasão da
FFLCH e a oposição à presença da PM no câmpus como uma luta pelos "direitos
civis". Na realidade, o que está em jogo no câmpus da USP não são as liberdades
públicas nem os direitos fundamentais de estudantes, professores e funcionários.
Quando invocam o princípio da autonomia universitária e pedem que a PM seja
expulsa do câmpus, os baderneiros fazem o jogo dos assaltantes, assassinos,
estupradores e traficantes de drogas. É evidente que, desde o início do convênio
firmado com a reitoria, a presença de policiais militares na Cidade
Universitária vem prejudicando os negócios dos fornecedores de drogas, reduzindo
seus lucros. Além de se colocarem - consciente ou inconscientemente - a serviço
do crime organizado, os invasores cometem outro erro. Eles confundem "território
livre", expressão usada na academia para designar a livre troca de ideias, com
uma república independente - como se a USP existisse à margem do Estado e da
sociedade que a sustentam.
O que ocorreu no embate com a PM e com a invasão da FFLCH não são atos de
rebeldia intelectual - são apenas demonstrações de irresponsabilidade e de
alienação ideológica.
O
Estado de S Paulo
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A maioria da comunidade universitária prefere que a PM continue a atuar no campus.
[]
Paz e Felicidade a todos, mas sem concessões a traficantes, bandidos e ao lúmpen (nem Marx tolerava o lúmpen, preferia os capitalistas)